O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acompanhou hoje, ao lado dos chefes militares, a passagem de tanques pelo Palácio do Planalto, em Brasília. As imagens foram exibidas em uma live transmitida pelo Facebook de Bolsonaro e durou menos de 9 minutos.
O evento inédito gerou protestos, principalmente da oposição, já que ocorreu no mesmo dia em que a Câmara pautou a votação da proposta de emenda à Constituição que institui o voto impresso.
Ontem, Bolsonaro usou as redes sociais para convidar autoridades para o desfile. Nenhuma compareceu. Entre eles estavam o presidente do STF, ministro Luiz Fux, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Mesmo que não nominalmente, o chefe do Executivo estendeu o convite aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), do TCU (Tribunal de Contas da União), ministra Ana Arraes, do STJ, ministro Humberto Martins, e do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministra Maria Cristina Peduzzi.
O desfile ocorre em um momento de forte tensão entre o governo Bolsonaro e o Poder Judiciário. Segundo nota da Marinha divulgada ontem, "um comboio com veículos blindados, armamentos e outros meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, que partiu do Rio de Janeiro", passaria por Brasília" ao longo desta manhã.
O destino final é o CIF (Campo de Instrução de Formosa), onde é feito anualmente, desde 1988, um grande treinamento da Marinha, a chamada Operação Formosa.
A parada no Palácio do Planalto teve como justificativa a entrega do convite a Bolsonaro para o treinamento. No trajeto, o comboio passou em frente ao Palácio do Planalto, que fica na Praça dos Três Poderes, junto com o Co.
Também convidou deputados e senadores, dizendo que se "honraria" com a presença de cada um deles. Em vez dele.
Ameaça democrática Posicionado à esquerda do presidente, o ministro da Defesa, Braga Netto, teria, segundo informou o jornal O Estado de S. Paulo, ameaçado a democracia e condicionado o processo eleitoral ao voto impresso.
Em nota divulgada à época, Braga Netto negou a ameaça e afirmou que "não se comunica com os Poderes por meio de interlocutores", mas no mesmo documento voltou a defender o voto impresso.